Qualquer lista dos melhores jogadores de todos os tempos está incompleta sem o nome de Luís Figo. Reconhecido pela sua graciosidade e habilidade, Figo mostrou o seu talento em Portugal, Espanha e Itália, ao serviço do Sporting CP, do Barcelona, do Real Madrid e do Inter de Milão. A sua incrível carreira levou-o a conquistar 127 jogos pela seleção portuguesa, o quarto maior número da história da equipa, e incluiu a disputa da final do EURO 2004 em casa como capitão.
Figo conquistou inúmeros títulos de prestígio ao longo da sua carreira, incluindo a Bola de Ouro em 2000 e o prémio de melhor jogador do mundo da FIFA em 2001. A nível de clubes, conquistou oito títulos de campeão (quatro em Espanha e quatro em Itália), bem como diversas taças em competições, incluindo a Liga dos Campeões da UEFA em 2002. Foi eleito o melhor futebolista português do ano seis vezes consecutivas, de 1995 a 2000.
Q1: Luís, é um gosto tê-lo connosco. Como todos sabemos, teve uma carreira incrível a nível de clubes e internacional, em vários países. Poderia começar por partilhar como foi a experiência de jogar em grandes clubes de Portugal, Espanha e Itália durante a tua carreira?
A: Claro que sim, tenho tantas recordações positivas. Obviamente, cresci em Lisboa. Fiz parte da academia do Sporting CP desde os 12 anos e a passagem pela equipa principal foi motivo de grande orgulho. O ambiente no Sporting CP sempre foi muito animado e os adeptos muito ligados ao seu clube.
A transferência para o FC Barcelona foi uma grande oportunidade para me afirmar a nível internacional. Foram épocas de grande sucesso para nós, em que ganhámos duas vezes a La Liga, num momento muito importante para o clube. A minha experiência no Real Madrid foi igualmente incrível. Tínhamos uma grande equipa, cheia de estrelas, e a conquista do troféu da Liga dos Campeões foi particularmente especial para mim. Por último, também recordarei sempre com muito carinho a minha passagem pelo Inter de Milão. Acolheram-me como um dos seus e também tivemos um enorme sucesso, ganhando o campeonato em cada uma das quatro épocas em que lá estive.
Cada experiência nestes quatro clubes foi diferente, mas houve alguns aspetos em comum - a paixão pelo futebol, o sentimento de orgulho, e a beleza e cultura de algumas das melhores cidades do mundo.
Q2: Também representou Portugal durante uns incríveis 18 anos, começando na equipa de sub-16, antes de acumular 127 jogos pela equipa principal. Que balanço faz dos anos em que jogou pelo seu país?
Não há nada que se compare a representar o nosso país num palco internacional. Nunca dei por garantida a honra de vestir a camisola de Portugal. Como referiu, a minha experiência com a seleção nacional começou desde muito novo, época em que fomos muito bem-sucedidos, e ganhámos o Campeonato da Europa de Sub-16 e o Campeonato do Mundo de Sub-20 da FIFA. Foi realmente um momento de viragem para o futebol em Portugal.
Todos os jogos eram especiais e uma oportunidade para defender as cores do meu país, mas é claro que os grandes campeonatos, o Campeonato da Europa e o Campeonato do Mundo da FIFA™, têm um significado especial. Tive a sorte de jogar em três Campeonatos da Europa e dois Mundiais FIFA™, cada um deles uma ocasião única que me ficará para sempre na memória.
Q3: Não há certamente muitos jogadores que possam dizer que foram capitães da sua equipa numa grande competição internacional disputada em casa. Apesar de não ter terminado como desejava, como recorda a sensação de representar Portugal no Euro 2004 e a forma como o povo português o acolheu?
Foi um momento único na minha carreira. Jogar diante do público em casa num torneio tão importante é uma sensação inesquecível. Sentimos a enorme honra de representar 11 milhões de pessoas e, ao mesmo tempo, mostrar o nosso país ao mundo como nação anfitriã.
Os campeonatos internacionais são construídos em torno de pequenos momentos. É provavelmente isso que faz deles os melhores eventos futebolísticos do mundo. Embora não tenha terminado como queríamos, senti um enorme orgulho pela forma como competimos e como o nosso país recebeu toda a Europa. Mostrámos que somos capazes de acolher os maiores eventos do mundo e de o fazer de uma forma amigável e acolhedora.
Q4: Enquanto embaixador da candidatura ao Campeonato do Mundo da FIFA™ de 2030, o que pensa que a organização do torneio poderia fazer pelo seu país?
A: Tendo passado pela experiência de jogar num Campeonato da Europa em casa e tendo vivido durante tanto tempo em Portugal e Espanha, só posso imaginar o potencial do Campeonato do Mundo da FIFA 2030™. Portugal, Espanha e Marrocos são países que têm o futebol no seu coração. Lê-se nas notícias, vê-se nas ruas. Faz parte da vida nestes países. E isto significa que todos terão a oportunidade de se envolver e usufruir diretamente.
Em Portugal, receber o Campeonato do Mundo da FIFA 2030™ vai unir o país de uma forma sem precedentes. Acredito que veremos portugueses de todas as idades e de todas as origens a juntarem-se como nunca visto, para realizar um evento verdadeiramente incrível. Será, naturalmente, uma grande oportunidade para mostrar Portugal ao mundo, e estou entusiasmado com o potencial para destacar todas as regiões do nosso belo país.
Q5: Quais são as suas expectativas para a candidatura ao Campeonato do Mundo da FIFA 2030™?
A: Extremamente elevadas! Marrocos, Portugal e Espanha já deram provas ao organizarem outros grandes eventos. Temos as infraestruturas, as instalações e a experiência necessárias para acolher um evento verdadeiramente excecional. Para os jogadores, os dirigentes e, claro, os adeptos, não consigo imaginar uma experiência melhor.
Este será também um Campeonato do Mundo único, que ligará dois continentes. Ao cruzar culturas diferentes, mas uma forte e comum paixão pelo futebol acredito que o evento irá unir as pessoas e oferecerá uma fantástica experiência aos visitantes de todo o mundo.
Fiquei também muito impressionado com o compromisso da candidatura de apostar numa abordagem sustentável e responsável. A candidatura tem em conta o impacto social, económico e ambiental do torneio e, desta forma, penso que não só pode como vai criar um legado que irá muito para além do próprio torneio, e beneficiará as comunidades dos três países para a posteridade.
Q6: Como é que vê o futuro do futebol português? Poderemos assistir a um vencedor em casa em 2030 se a candidatura de Marrocos, Portugal e Espanha for bem sucedida?
A: O futebol português tem um futuro promissor. A atual geração de jogadores é incrivelmente dotada e, graças ao excelente trabalho das academias de todo o país, temos tido um fluxo consistente de jovens jogadores realmente talentosos. O mesmo se pode dizer de Espanha, cujas academias são conhecidas em todo o mundo, e de Marrocos, que investiu de forma muito inteligente nos últimos anos para proporcionar novas oportunidades aos jogadores jovens. Não vejo razão para que os três não sejam candidatos sérios em 2030.
Dito isto, o Campeonato do Mundo da FIFA™ é o maior teste do futebol, porque a margem entre o sucesso e o fracasso é muito pequena. Com a forma como o jogo está a crescer em todo o mundo, é provável que muitas equipas se sintam confiantes na sua capacidade para o torneio, o que deverá proporcionar um espetáculo incrível.
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