Poucas pessoas foram tão importantes para a história do futebol feminino em Portugal, como Dolores Silva. Jogadora da seleção nacional há 15 anos, a capitã conta com 160 internacionalizações, apenas atrás das colegas Ana Borges e Carole Costa. No ano passado fez história ao capitanear a seleção nacional no seu primeiro Campeonato do Mundo FIFA, depois de ter batido o recorde de qualificações para o Campeonato da Europa Feminino da UEFA, em 2017 e 2022.
Nascida em Queluz, , Dolores Silva exerceu jogou sete anos na Bundesliga e uma época no Atlético de Madrid, em Espanha. Em 2019, voltou a Portugal para jogar no Sporting Clube de Braga. Em março deste ano, Dolores Silva foi nomeada uma dos 11 embaixadores da candidatura de Marrocos, Portugal e Espanha à organização do Campeonato do Mundo FIFA 2030™ e tem grande esperança no que a organização deste Mundial pode trazer para o futebol feminino em Portugal.
P1: Dolores, obrigada por se juntar a nós. Teve uma carreira incrível a nível de clubes e a nível internacional, numa altura tão entusiasmante para o futebol feminino. Como analisa as mudanças a que assistiu no futebol feminino ao longo da sua carreira?
DS: O crescimento do futebol feminino nos últimos anos tem sido incrível. Fora do campo, assistimos a um investimento cada vez maior na modalidade, desde as seleções jovens até às seleções nacionais: melhores treinadores, melhores instalações e melhor exposição. Dentro de campo, os padrões também continuam a melhorar. A crescente popularidade do futebol feminino reflete-se nos recordes de assistência nos estádios e das audiências televisivas.
P2: A seleção feminina de Portugal parece estar a evoluir cada vez mais, com a recente e primeira qualificação de sempre para o Campeonato do Mundo Feminino FIFA. Quais foram as chaves para este progresso?
DS: Penso que a chave tem sido pensar no futebol feminino de uma forma abrangente. Há muitos fatores que se combinam para gerar sucesso, incluindo oportunidades para as jovens jogarem e receberem um bom treino, uma liga nacional que pode inspirar uma maior participação e a vontade e os esforços da Federação em promover o futebol feminino e dar-lhe espaço para crescer. O progresso na última década tem sido incrível e não vejo razões para para por aqui.
P3: Como descreveria a sensação de jogar no Campeonato do Mundo Feminino FIFA™ e de ser a capitã do seu país?
DS: Quando se cresce, este é um momento com que se sonha - um momento que nos inspira a treinar todos os dias, especialmente nos dias mais difíceis. Fazer parte da primeira equipa portuguesa de sempre a chegar ao Mundial foi um momento incrível, não só para mim, mas para todas as jogadoras, para as nossas famílias e para todos os que estão envolvidos no futebol feminino em Portugal. Não há nada como o Campeonato do Mundo FIFA. É um acontecimento mágico que une o mundo como nenhum outro. E será sempre o ponto mais alto da minha carreira.
P4: Quais são as suas expectativas para o futuro do futebol feminino em Portugal?
DS: O futebol feminino tem crescido muito até à data, mas também tem muito mais para crescer. A nossa campanha de preparação para o Campeonato do Mundo de Futebol Feminino, "O Primeiro de Muitos", simboliza o nosso empenho em garantir que as nossas recentes conquistas representam o início do percurso do futebol feminino e não o fim. Em Portugal, temos cerca de 200.000 futebolistas registados, dos quais apenas 15.000 são do sexo feminino. Resolver este desequilíbrio e encorajar mais raparigas, desde tenra idade, a praticar este desporto, será a chave do nosso sucesso a longo prazo.
P5: O que pensa sobre o impacto da realização do Campeonato do Mundo FIFA pela primeira vez em Portugal e o significado para o país, em particular para o futebol feminino?
DS: Estou muito satisfeita por ver que o desenvolvimento do futebol feminino está a ser considerado uma prioridade pela candidatura ao Campeonato do Mundo FIFA 2030™. Embora seja um evento masculino, pode e será igualmente apreciado por homens e mulheres, rapazes e raparigas. O aspeto mais fundamental para o crescimento do futebol feminino passa por inspirar as novas gerações e criar mais oportunidades e, se o planearmos corretamente, o Campeonato do Mundo FIFA 2030™ pode ser um evento catalisador.
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